Publicado em 10/06/2011
Fonte: Paulo Fávari à Agência USP de notícias

“A filosofia do Centro de Robótica é desenvolver projetos que sejam encampados pela sociedade. Por ser o primeiro do Brasil, temos um instrumento importante para contribuir com o aumento da pesquisa nessa área”

Será construído no campus de São Carlos da USP o primeiro Centro de Robótica do país. Com conclusão prevista para 2013, o prédio terá três mil metros quadrados e reunirá profissionais e estudantes de duas unidades do campus, a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC). “A filosofia do Centro de Robótica é desenvolver projetos que sejam encampados pela sociedade. Por ser o primeiro do Brasil, temos um instrumento importante para contribuir com o aumento da pesquisa nessa área”, afirma Marco Henrique Terra, coordenador do Centro. A Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, por intermédio do programa de Núcleos de Apoio à Pesquisa (NAP), destinará R$ 900 mil para construção do prédio do Centro de Robótica de São Carlos (CRob-SC) da USP.

O objetivo do CRob-SC é concentrar as pesquisas na área de robótica em um único local, aumentando a sinergia entre os pesquisadores, evitando desperdício de tempo e recursos e otimizando o compartilhamento de equipamentos e sistemas.

Apesar de atualmente haver poucos trabalhos na área entre pesquisadores brasileiros, o cenário é promissor. “Devemos fornecer alternativas para solucionar problemas universais através da robótica, como reabilitação de membros superiores e inferiores em pessoas com deficiências, e problemas com forte apelo nacional, como os relacionados com a agricultura de precisão e com o pré-sal, setores nos quais somos fortes economicamente”, planeja Terra.

A criação do Centro de Robótica fará com que se aumentem os projetos desenvolvidos em conjunto pelos pesquisadores. Consequentemente, segundo Terra, haverá maior interação com a indústria, além do “aumento da eficiência na utilização de recursos, que são particularmente caros em robótica”.

A construção do prédio durará cerca de dois anos. Mas, segundo o professor, já nos “próximos doze meses vamos preparar novos projetos para adquirirmos bolsas de estudos e equipamentos para serem alocados no Centro”. “Por hora, vamos continuar nos concentrando nos projetos individuais de cada laboratório responsável pelo Centro”, informa.

Robótica
A palavra robô, que vem do tcheco robota (trabalho forçado), apareceu pela primeira vez na peça de teatro R.U.R. (Rossum’s Universal Robots), de Karel Capek, criada em 1920. Nela, uma das personagens era um autômato de forma humana que fazia tudo no lugar do homem. O termo foi popularizado por Isaac Asimov no livro “Eu, Robô”, publicado em 1950 e que deu origem em 2004 a um filme.

Ao contrário da ficção, atualmente os robôs não fazem tudo – mas já estão em quase todos os lugares. Pode-se encontrá-los como engenhocas de uma linha de produção de carros, como cãezinhos de brinquedo ou desativadores de bombas. Os exemplos são inúmeros.

No caso do Centro de Robótica de São Carlos, as pesquisas desenvolvidas no campus são “voltadas para robótica móvel, mãos robóticas, exoesqueleto, robótica espacial”, conta Marco Henrique Terra. “Já existe uma certa integração entre essas duas unidades [EESC e ICMC] para o desenvolvimento de pesquisas em robótica. Pesquisas na área automobilística, robôs manipuladores e a participação conjunta no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC) são exemplos disto. Esperamos que o Centro potencialize essas experiências”, complementa.

Internacional
O Centro conta com a participação de outras instituições do Brasil, Estados Unidos, França, Alemanha, Suíça e Peru.

O professor Glauco Augusto de Paula Caurin, da EESC, está às vésperas terminar seu pós-doutorado em robótica aplicada à reabilitação de pacientes. Ele está estudando no Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos EUA, referência mundial em tecnologia e computação.

Dos Estados Unidos, Caurin relata sua animação com a notícia da criação do Centro de Robótica: “[o Centro] tem o mérito de unir as múltiplas competências tão necessárias para se fazer inovação numa área tão competitiva”. O professor ainda aponta a criação de uma tecnologia nacional como ponto forte do Centro, uma vez que os centros de pesquisa internacionais têm pouco interesse em questões nacionais brasileiras, além de ser uma tecnologia cara.

Para a volta ao Brasil, Caurin adianta que a EESC pretende desenvolver e testar jogos, direcionados à reabilitação de pacientes, em conjunto com o MIT. “Pretendemos também aproximar o nosso núcleo dos trabalhos desenvolvidos pelo Núcleo Novas abordagens em Reabilitação de Lesões Encefálicas: aplicações, desenvolvimento e avaliação (NARLE) da Faculdade de Medicina da USP”, conta.

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